Cinema | Arremessando Alto, de Jeremiah Zagar

Hustle (EUA, 2022). Com Adam Sandler, Juancho Hernangómez, Queen Latifah, Jordan Hull, Ben Foster, Robert Duvall, María Botto e uma penca de astros da NBA.

Rodrigo Torres
3 min readJun 14, 2022
Adam Sandler sentado no banco de reservar de um ginásio de basquete, durante um treino, como protagonista do filme Arremessando Alto, da Netflix.

Primeiramente, caramba! Não fazia ideia de que tava há tanto tempo sem atualizar isso aqui. O Medium foi meu companheiro de reflexões nos mais variados momentos — e nos piores. Apesar do tempo que me toma, sempre vivi um bom tempo compartilhando meus pensamentos por aqui, então, farei um esforço para voltar a escrever com frequência.

Volto após incentivo de um amigo empolgado com Arremessando Alto (Hustle, 2022). Ou, principalmente, porque sua recomendação também me contagiou. O novo filme da parceria da Netflix com Adam Sandler é mais uma joia estrelada pelo (bom) ator. Por ora, o filme dirigido por Jeremiah Zagar me soa como o feel good movie definitivo da NBA.

Sem experiência de atuação, Juancho Hernangomez funciona bem como Bo Cruz — um bom personagem inspirado em Rocky.

Em partes, isso não se deve nem a Zagar, cuja direção, correta, é apenas convencional, nem a Sandler — apesar de todo o carisma que ele empresta à obra, esse não é um dos seus melhores trabalhos de atuação, nem de longe. Hustle é um filme tão agradável pela sua ideia. Uma história dupla de superação ambientada numa das maiores plataformas para isso: a NBA.

Os bastidores da Associação Nacional de Basquetebol norte-americano, desde intrigas envolvendo herdeiros ricos até a dificuldade de um jovem estrangeiro para ingressar na liga, são profícuos para Arremessando Alto se desenvolver como um típico feel good movie: formulaico, porém todo baseado em gatilhos de superação pessoal e profissional inevitavelmente cativantes.

Jordan Hull, Queen Latifah, Juancho Hernangómez e Adam Sandler: uma família pouco convencional.

A história de Bo Cruz (Juancho Hernangomez) é a história de todo atleta de alto rendimento, movida por dor e ganho. É a história, por exemplo, do “Rei” LeBron James. Um dos maiores jogadores de basquete de todos os tempos, The King é conhecido por dedicar sua vida e milhares de dólares mensais num trabalho físico e mental extremo. Por isso, não surpreende que ele seja, ao lado do sócio Maverick Carter, um dos produtores de Arremessando Alto.

Mais uma vez, assim como na série The Shop (2020–2022), King James usa sua maravilhosa influência para reunir a comunidade da NBA em torno de um projeto audiovisual que é banquete para os fãs do esporte. Uma das melhores coisas de Arremessando Alto é ver tanta figura ilustre no elenco. Mesmo quando isso não acontece de forma coesa, quando um craque do basquete não se mostra bom ator, vê-los na tela é sempre divertido — e porque o roteiro de Will Fetters e Taylor Materne os explora bem, com a leveza necessária para suas participações funcionarem.

Arremessando é apenas um dos bons filmes estrelados por Adam Sandler — um ótimo ator que ganha muito dinheiro fazendo filme ruim.

Afinal, Arremessando Alto claramente se propõe a ser exatamente e apenas isso: um filme leve sobre a dura trajetória de todo jogador da NBA (e de tantos que não vingam no esporte). A experiência de Fetters com obras melodramáticas, de Materne com os games da liga e de LeBron sobre o que é vencer no basquete norte-americano (um misto de dedicação individual e de trabalho em equipe, haja vista sua carreira marcada por competitividade e companheirismo) são os principais segredos do sucesso do longa-metragem; um Homens Brancos Não Sabem Enterrar (White Men Can’t Jump, 1992) moldado para o público médio da Netflix — e não há nada de errado nisso.

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Rodrigo Torres

Críticas de cinema e TV. Pitacos eventuais sobre esportes, política e o que mais der na telha.