Cinema | Dicionário de Cinema: trilha sonora

Rodrigo Torres
2 min readJan 12, 2021

Todo domingo é dia de Dicionário de Cinema, lembra? Dia de explorar um verbete específico da sétima arte e seu significado dentro da linguagem cinematográfica. Hoje a aula será ainda mais prática e demonstrativa, pois decidimos explorar um verbete bastante conhecido do grande público: a trilha sonora.

Uma boa trilha sonora não é necessariamente aquela que reúna músicas famosas, suas prediletas, mesmo quando façam sentido dentro daquele universo. Veja bem: é ótimo o que James Gunn faz em Guardiões da Galáxia (Guardians of the Galaxy, 2014), na qual grandes hits do rock e da soul music americana realçam a personalidade do Peter Quill e dão o tom e o ritmo do filme. Porém, isso é exceção.

A maioria dos filmes nem inclui músicas de sucesso ao longo da projeção. Em geral, a trilha é instrumental, feita originalmente para o filme e com o intuito de intervir de maneira bem mais sutil na trama. Ela está ali para sublinhar o que ocorre na tela, e uma boa forma de entender isso é fazendo a prova real, como revendo uma cena de trilha marcante com e sem som. Vou citar um exemplo favorito: vá no You Tube, bote um trecho dos bandidos de Esqueceram de Mim (Home Alone, 1990) invadindo a casa do Kevin numa aba e a clássica trilha de suspense de Haloween — A Noite do Terror (Halloween, 1978), do mestre John Carpenter, na outra. Você vai ver que a trilha casa com perfeição; mas que, no entanto, altera totalmente o sentido da cena.

Se não entendeu nada do que eu disse, tudo bem: o vídeo acima é uma aula autoexplicativa. Note como a troca da Marcha Imperial de Darth Vader por uma música romântica muda totalmente os sentidos da cena de Star Wars. Cinema é isso: uma linguagem audiovisual em que tudo no som e na imagem porta semântica, mesmo que você não note.

Eu diria até que é melhor que você não note, citar Dunkirk (2019) como um exemplo de trilha sonora invasiva, que tornou a experiência de imersão do IMAX insuportável, e discutir a importância da atenção involuntária no cinema. Mas aí é papo pra outro dia… Típico do crítico ranzinza que eu sou.

Texto originalmente escrito para a página da Revista Cine Cafe no Instagram

--

--

Rodrigo Torres

Críticas de cinema e TV. Pitacos eventuais sobre esportes, política e o que mais der na telha.